Simulação auxilia no desenvolvimento de veículos mais seguros
Nos últimos anos, os sistemas embarcados vêm ganhando destaque na indústria mundial e nacional. Essa tecnologia se destaca por ser utilizada atualmente para controlar processos, que vão de um simples ascender e apagar a luz até o gerenciamento de drones ou avião não tripulado. Durante o 5º SAE Eletro Eletrônica Embarcada e Mostra de Engenharia, realizado entre os dias 18 e 19 de junho em Volta Redonda (RJ), discutiu-se essa e outras tendências tecnológicas aplicadas à mobilidade, promovendo a troca de experiências e informações entre profissionais e o debate para a industria de veículos automotores.
O Juliano Fujioka Mologni, especialista em simulação eletromagnética de alta frequência da ESSS, apresentou o estudo “Numerical Simulation of Automotive Radar Systems and V2V Technology“, no qual ele mostra como a comunicação entre dois veículos (V2V – Vehicle to vehicle communication) pode evitar acidentes e congestionamentos e de que forma a simulação numérica pode ser usada para construir uma mobilidade urbana mais eficiente.
Em entrevista, Juliano explica com mais detalhes o estudo apresentado no evento e fala sobre a tecnologia V2V e os sistemas embarcados.
Você apresentou o estudo “Numerical Simulation of Automotive Radar Systems and V2V Technology” durante o 5º Colloquium SAE BRASIL de Eletro Eletrônica Embarcada e Mostra de Engenharia. Na sua opinião, qual a importância de um evento como este que discute a tecnologia Embarcada aplicada a área automotiva e a mobilidade?
Juliano Fujioka Mologni – O evento é de alta relevância sendo um dos únicos que abordam a eletrônica embarcada em veículos, tema que vem sendo considerado cada vez mais importante pelas montadoras e fornecedores uma vez que as novidades tecnológicas dependem cada vez mais de sistemas eletrônicos e principalmente da comunicação sem fio. Os profissionais que participaram do evento puderam discutir as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas e principalmente a viabilização, tanto comercial quanto técnica, destes produtos para o mercado nacional.
O estudo apresentado por você no evento aborda a questão da simulação aplicada numa área que está ganhando destaque atualmente no mercado nacional, o V2V – Vehicle-to-Vehicle. Você pode fazer um resumo sobre o estudo apresentado e explicar qual a relevância desse estudo para a área?
Juliano Fujioka Mologni – O estudo apresentado mostra como é possível desenvolver dispositivos de comunicação entre veículos e radares automotivos utilizando as ferramentas de simulação Ansys. Com a tecnologia atual é possível simular o produto em todas as suas fases de desenvolvimento, e podemos ir além e simular a operação deste produto em um ambiente real (como por exemplo um radar detectando pessoas na pista ou a comunicação entre dois veículos em movimento), que garante não somente a validação virtual do produto, mas minimiza também a possibilidade de recall ou falha em campo. Os dois tópicos apresentados são classificados como ADAS (Advanced Drive Assistance Systems) que tem como objetivo final aumentar a segurança de motoristas, passageiros e pedestres.
Como a simulação computacional, especialmente o HFSS, pode contribuir para os estudos e desenvolvimento de sistemas embarcados na área automotiva?
Juliano Fujioka Mologni – A simulação computacional é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de sistemas embarcados, uma vez que permite ao engenheiro analisar a performance do seu produto sem a necessidade de um protótipo físico, o que reduz o tempo de desenvolvimento (time to market), custo e ainda fornece detalhes internos do produto (como por exemplo visualização de campo eletromagnético) que é extremamente difícil de se obter experimentalmente. Além disso, o Ansys HFSS em combinação com as fermentas da Ansys como o Simplorer, Scade Suite, Fluent e Mechanical possibilita uma análise sistêmica da integração de sistemas embarcados no veículo além de situações dinâmicas encontradas no dia a dia, minimizando a probabilidade do temido recall.
Outra ferramenta que pode auxiliar o desenvolvimento de softwares embarcados é o Ansys Scade Suite. Você poderia explicar um pouco mais sobre esta tecnologia, como ela funciona e quais áreas da indústria podem se beneficiar dela?
Juliano Fujioka Mologni – O Ansys Scade Suite é uma ferramenta para desenvolvimento de sistemas embarcados de alta segurança que demandam controle extremamente preciso. Uma de suas funcionalidades principais é a geração de código para software embarcado já certificado. No mercado automotivo a norma ISO 26262 rege o desenvolvimento, certificação, validação, implementação e integração de subsistemas automotivos de alta criticidade, como por exemplo, o Airbag e o ABS. Utilizando o Ansys Scade Suite é possível gerar todo o software embarcado já certificado pela ISO 26262.
A ESSS e o Laboratório Woca (Inatel) desenvolvem uma pesquisa utilizando a tecnologia ADAS que pretende revolucionar a indústria automobilística. Você pode explicar um pouco mais sobre o estudo e como ele pode revolucionar a indústria automobilística?
Juliano Fujioka Mologni – Os sistemas classificados como ADAS são desenvolvidos para automatizar / adaptar / melhorar os sistemas veiculares focando no aumento da segurança de motoristas, passageiros e pedestres. Além do radar automotivo e da comunicação entre veículos (V2V), sistemas como faróis inteligentes que acendem automaticamente, frenagem automática e avisos de acidentes e tráfego fazem parte do ADAS. A meta do ADAS é zerar o número de mortes no trânsito. Com o passar dos anos diversos equipamentos foram desenvolvidos reduzindo o número de fatalidades, cronologicamente podemos citar o cinto de segurança, ABS, Airbag e controle eletrônico de estabilidade. O ADAS é a próxima geração de dispositivos de segurança que possui sensores altamente integrados e irá aumentar significativamente a segurança para todos.
Na sua opinião, qual a importância de poder contar com sistemas de simulação nas diferentes áreas da engenharia para o desenvolvimento de projetos e aprimoramento de equipamentos de alta frequência (Antenas, Microondas, EMI/EMC, Integridade de sinal e acoplamento multifísico)?
Juliano Fujioka Mologni – Os produtos estão cada vez mais complexos, com mais tecnologia embarcada (um exemplo é a tendência conhecida como Internet das Coisas), e o mercado está cada vez mais competitivo. A simulação computacional é uma ferramenta essencial que permite a empresa otimizar seus produtos, reduzir custo e tempo de desenvolvimento. No entanto, ela é a ferramenta chave responsável por inovações disruptivas, criando novos produtos revolucionários (exemplos: iPhone que criou o mercado de SmartPhones, a evolução do CD Player para o iPod, etc.) uma vez que todas as ideias podem ser simuladas de uma maneira muito fácil e sem limites.